Bashar al-Assad assumiu a presidência da Síria em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad, que governou o país por quase três décadas. Formado em oftalmologia e com um perfil discreto, Bashar era visto inicialmente como um reformista. Contudo, seu governo se tornou um dos mais polêmicos da história contemporânea, marcado pela repressão, guerra civil e crises humanitárias. Mas o que há por trás dessa narrativa? Há aspectos menos conhecidos que ajudam a entender a complexidade de sua liderança e o caos que se instalou na Síria.
A Ascensão de Bashar al-Assad
Originalmente, Bashar não era o herdeiro político planejado. Seu irmão mais velho, Bassel al-Assad, era o sucessor escolhido, mas sua morte em um acidente de carro em 1994 mudou os planos da família. Bashar, que estudava medicina em Londres, foi chamado de volta para assumir o papel de líder em treinamento. Em 2000, com a morte de Hafez, Bashar tornou-se presidente aos 34 anos, representando uma esperança para a modernização do país.
Os Primeiros Anos: Reformas e Resistências
No início, Bashar tentou implementar reformas econômicas e modernizar a infraestrutura. Seu governo relaxou algumas restrições políticas, dando espaço para discussões que ficaram conhecidas como a "Primavera de Damasco". No entanto, as reformas foram interrompidas quando membros do antigo regime, temendo perder poder, pressionaram Bashar a retomar o controle autoritário.
A Primavera Árabe e o Estopim da Guerra Civil
Em 2011, protestos pacíficos eclodiram na Síria, inspirados pela Primavera Árabe. O governo respondeu com violência, resultando na escalada para uma guerra civil. Apesar de ser amplamente condenado por sua repressão brutal, poucos reconhecem o papel das potências externas na intensificação do conflito. Países como os EUA, Rússia, Irã e Turquia usaram a guerra como um campo de batalha indireto para seus próprios interesses.
Apoios e Alianças Estratégicas
O apoio de potências como a Rússia e o Irã foi fundamental para Bashar al-Assad manter o poder. Moscou, em particular, ajudou a garantir sua permanência, fornecendo suporte militar e bloqueando resoluções internacionais contra ele. A aliança de Bashar com minorias, especialmente os alauítas – um ramo do Islã xiita ao qual sua família pertence –, também foi crucial para consolidar seu governo, embora tenha gerado tensões com outros grupos religiosos e étnicos no país.
A Crise Humanitária e o Sofrimento Silenciado
A guerra civil síria resultou em uma das maiores crises humanitárias da história moderna. Mais de 13 milhões de pessoas foram deslocadas, e milhões buscaram refúgio em outros países. Muitos desses refugiados enfrentam condições precárias e xenofobia. Internamente, civis continuam a sofrer com escassez de alimentos, infraestrutura destruída e insegurança constante, enquanto o regime se mantém firme.
O Papel das Potências Externas
Pouco se fala sobre como as intervenções externas agravaram o conflito. Enquanto Bashar era retratado como o vilão principal, atores internacionais financiaram milícias, realizaram ataques aéreos e impuseram sanções econômicas que atingiram principalmente a população civil.
Perspectivas Futuras
Embora Bashar al-Assad tenha recuperado grande parte do território sírio com o apoio de aliados, o país permanece em ruínas. A reconstrução é um desafio monumental, com sanções econômicas e desconfiança internacional. Para o povo sírio, o futuro ainda é incerto, e a guerra deixou cicatrizes profundas que levarão décadas para serem superadas.
Conclusão
A presidência de Bashar al-Assad é um retrato de como a política, a guerra e os interesses internacionais podem transformar a esperança em tragédia. Compreender os aspectos menos conhecidos de seu governo e do conflito sírio é essencial para uma análise mais equilibrada e informada sobre o que realmente aconteceu e sobre os desafios que ainda persistem.