A desintegração das UPPs: o impactos na segurança das comunidades cariocas
A desintegração das UPPs: o impactos na segurança das comunidades cariocas
A desinstalação das UPPs no Rio de Janeiro, que começou com a redução de 29 para 16 unidades, representa um movimento significativo na reestruturação da segurança pública no estado. Essa medida visa redistribuir o efetivo da Polícia Militar para reforçar o patrulhamento nas ruas, mas também levanta preocupações sobre o impacto nas comunidades que estavam sob a responsabilidade dessas unidades.
Embora o governo estadual defenda que a mudança aumentará a presença policial nas ruas e reestruturará as operações das UPPs, especialistas apontam que os efeitos dessa transição podem ser limitados. O pesquisador Robson Rodrigues, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, sugere que os batalhões, em vez das UPPs, continuarão sendo os maiores consumidores de efetivo policial, o que pode resultar em um efeito pouco significativo no aumento de segurança. Ele destaca a importância de uma abordagem de polícia comunitária, que as UPPs representavam, mas que foi enfraquecida com o tempo.
Além disso, a falta de um diálogo efetivo com as comunidades e o desmonte de projetos sociais ligados às UPPs geram uma grande preocupação. Em locais como a Barreira do Vasco, onde os projetos de jiu-jitsu e outras atividades para crianças foram impactados, as populações temem que a desintegração das UPPs leve a um aumento da violência e da sensação de abandono.
Por outro lado, figuras como Raull Santiago, do Instituto Papo Reto, argumentam que a falência da política de UPPs não foi causada apenas pela falta de efetivo, mas pela falta de conexão real com as necessidades sociais das comunidades, uma lacuna que precisa ser preenchida com outras políticas públicas que ofereçam alternativas reais e sustentáveis para a segurança e o bem-estar das populações mais vulneráveis.
Essa reestruturação, portanto, coloca em evidência a necessidade de um modelo mais eficaz, que não se limite ao policiamento, mas também promova o desenvolvimento social e a integração das comunidades no processo de segurança.